terça-feira, 25 de janeiro de 2011

North & South - BBC

           Assumir nossos vícios é um dos objetivos da criação do Reservado para Maiores. Isso faz com que possamos nos aproximar de vocês para uma interação prazerosa. 
          Nestes últimos dias de férias, gostaríamos de sugerir um favorito nosso, a série da BBC North & South (Norte e Sul) de  2004. Sabemos que já há um monte de fãs lá fora, e por aqui também. Esperamos que este post convença vocês a assisti-lo. Almejamos que gostem tanto quanto nós.
           Através da história de Margaret Hale, uma jovem do sul da Inglaterra, que, por causa de problemas familiares, se vê  obrigada a mudar para a cidade de Milton, no norte. Tal mudança faz com que culturas diferentes se choquem, amores surjam e amizades floresçam em plena Revolução Industrial Inglesa.


        Na Inglaterra vitoriana, o sul campestre e aristocrático vai entrar em confronto com o norte industrial quando os Hales se vêm obrigados a mudar para a dura, fria e escura Milton. Daniela Denby-Ashe é Margaret Hale, uma jovem da classe alta que procura, com alguma relutância, deixar o idílico e pastoral mundo de Helstone e adaptar-se à nova vida numa cidade industrial do norte. Estranha aos costumes, regras e dramas sociais próprios de uma nova realidade, Margaret tem alguma dificuldade em compreender este mundo e aceitar os seus habitantes, especialmente os severos industriais, que governam as fábricas locais com mão de ferro. Mas o que começa como um mútuo desdém entre essas duas Inglaterras - norte e sul - vai se transformar numa clássica história de amor entre Margaret e John Thornton (Richard Armitage), que irá superar todos os obstáculos e preconceitos. A BBC é sinónimo de qualidade, e mais uma vez consegue criar uma bela série de época com North and South.


               Se, ao bom estilo da sua contemporânea Jane Austen, Elizabeth Gaskell conseguiu com Margaret e Thornton criar dois ícones da literatura inglesa, é através da adaptação da BBC que as personagens ganham uma nova vida, provando que os dois meios de difusão não são mutuamente exclusivos, mas que podem mesmo acabar por se completar. Muito embora a Margaret da série seja mais forte, mais determinada, menos preconceituosa, e a atuação de Armitage tenha marcado para sempre Thortnon, a história original permite compreender melhor a motivação de algumas personagens, esclarecendo as razões das escolhas de Richard Hale (Tim Pigott-Smith) e a paixão de Thornton, desenvolvendo mais profundamente o contexto histórico em que se insere.


              Pelos olhos de Margaret do livro, descobrimos a paisagem industrial de inícios do século XIX, uma época de mudanças e de desigualdades, de lutas sociais e laborais entre mestres e sindicatos – ficamos a conhecer a exasperante Fannie (Jo Joyner), o determinado Higgins (Brendan Coyle), a pobre Bessy (Anna Maxwell Martin), a impressionante Hannah Thorton (Sinéad Cusack); mas é através da série, com a sua magnífica fotografia, cores, cenários e banda sonora, que Milton se reimagina, que uma simples fábrica de algodão se transforma num encantador globo de neve.


            
     Muito mais do que uma simples história de amor, North and South é uma adaptação imperdível da BBC, recheada de momentos arrebatadores, capazes de derreter até os corações mais cínicos.

Baixamos os 4 episódios no blog Cinema de Classe.

 


CONHEÇA A ESCRITORA



ELIZABETH GASKELL

Elizabeth Gleghorn Gaskell (1810-1865) nasceu em 29 de setembro de 1810 em Lindsay Row, Chelsea, da união entre um ministro unitário e de uma filha de fazendeiro do condado de Sandlebridge, próximo a Knutsford in Cheshire. Aos 13 meses ficou órfã de mãe, sendo criada por sua tia, Hannah Lumb, cuja autora a considerava mais que uma mãe verdadeira. Aos quatro anos, seu pai casou-se com Catherine Thomson, irmã do pintor escocês William John Thomson, que pintou um famoso retrato de Elizabeth em 1832. No mesmo ano, Elizabeth se casou com William Gaskell, indo morar em Manchester, onde o marido era ministro assistente da Capela de Cross Street e onde desenvolvia trabalhos filantrópicos e benemerentes junto à população mais pobre da cidade. Em Manchester, Elizabeth teve contato com os contrastes sociais e econômicos da cidade e com a sociedade literária e filosófica da região. Manchester era sinônimo de desenvolvimento econômico e de desigualdade social, o que levou Friedrich Engels descrever seus bairros operários em sua obra de 1844, As condições das classes trabalhadoras na Inglaterra. William e Elizabeth Gaskell tiveram quatro filhas e um filho, William, que morreu de escarlatina. Como distração por sua perda, seu marido lhe sugeriu que começasse a escrever, como modo de aliviá-la da dor da perda. Entretanto, foi fora dessa intensa dor pessoal que seu primeiro romance foi escrito, Mary Barton – Um conto da vida de Manchester, publicado anonimamente em 1848 e que produziu grande impacto tanto junto à crítica quanto ao público leitor. Devido ao realismo social apresentado em seu texto, Mary Barton chamou a atenção do escritor Charles Dickens, sendo que foi por sua intercessão que seus próximos romances foram publicados. Com o auxílio de Dickens, Elizabeth Gaskell tornou-se popular, especialmente por escrever histórias de mistério e terror, apesar da distância dessas com relação à sua produção social. Suas relações com Dickens, apesar de vários pontos em comum, sobretudo com relação aos temas de seus principais romances, passaram por momentos de conflito, principalmente em suas relações pessoas e dado a genialidade dos dois escritores. Em uma ocasião, Dickens chegou a confidenciar ao seu editor que agradecia aos céus por não ser o marido de Elizabeth. Elizabeth Gaskell era uma perspicaz observadora das relações humanas, especialmente entre os trabalhadores das indústrias de Manchester e das regiões rurais de onde ela era oriunda. Essa característica própria lhe valeu como uma grande ferramenta na construção de seus personagens e das relações entre os diversos núcleos dentro de cada romance. Seu círculo de amizade também lhe possibilitou uma análise profunda das relações humanas, sendo que Charlotte Brontë, John Ruskin, Carlyles, Charles Kingsley e Florence Nightingale frequentavam sua casa. Entre suas obras, Elizabeth Gaskell se destacou pelos romances Ruth (1853), Entre o norte o sul – North and south (1855), O primo Phillis (1863), Os amores de Sylvia (1863) e, finalmente, seu romance considerado como sua obra-prima Esposas e filhas (1866), que foi deixado sem concluir em virtude da morte da autora, em 12 de novembro de 1865, por falência cardíaca. Deixou também uma biografia amplamente aclamada da vida de sua amiga Charlotte Brontë. Ao longo do século 20, a produção literária de Elizabeth Gaskell foi considerada fora de moda e muito provincial, mas hoje é considerada pela grande maioria da crítica especializada como um dos grandes nomes da literatura vitoriana britânica. Recentemente, análises mais profundas têm tentado delimitar as tênues fronteiras entre ficção e realidade dentro dos romances de Elizabeth, o que, consequentemente, tem levado ao um crescimento maior do interesse do público geral sobre a produção dessa grande escritora britânica do século 19.

3 comentários:

Raíssa disse...

Vou procurar para ver. Adoro séries / filmes de época.
Bjos

Karla Machado disse...

Baixei os 4 episódios ontem. Resultado: fui dormir 4h30 da manhã... rs. Muito legal!

Simonne Vieira disse...

Adoro história, e a autora relata com riqueza de detalhes a vida e os costumes da Inglaterra do século IX. Os atores estão magníficos na minissérie, principalmente Richard Armitage.

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